Mikaelli Andrade

Mikaelli Andrade
Cachoeira Brejão/Coribe-Ba
”A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada é mais suave e ,no entanto , nada a ela resiste. Aquele que conhece seus princípios pode agir corretamente, Tomando-a como chave e exemplo. Quando a água é pura, o coração do povo é forte. Quando a água é suficiente,o coração do povo é tranquilo.” Filósofo Chinês no século 4 A.C

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"As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo"

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A cura da Terra já existe

 por Stephen Leahy, da IPS


O Ártico alcançou uma concentração recorde de dióxido de carbono de 400 partes por milhão (ppm). A última vez que a Terra registrou níveis semelhantes foi há três milhões de anos, durante a era do Plioceno. Então, as temperaturas do Ártico eram entre 10 e 14 graus mais altas e, as globais, quatro graus mais elevadas. Nesta primavera boreal, todos os centros de pesquisa no Alasca, na Groenlândia, Noruega, Islândia, e inclusive Mongólia, registraram níveis superiores à barreira dos 400 ppm pela primeira vez, informaram cientistas.
Entretanto, a média mundial é de 392 ppm, e para chegar aos 400 ainda falta muito. Se os níveis de dióxido de carbono (CO2) não baixarem, ou, pior, aumentarem, o planeta inevitavelmente alcançará temperaturas mais altas, e para isto não serão necessários milhões de anos. Se não houver grande redução nas emissões de gases gerados por combustíveis fósseis, quem nascer hoje poderá viver em um mundo superaquecido em quatro graus quando for adulto. Este aumento fará com que a maior parte da Terra fique inabitável. Um mundo mais quente significará a morte para muitas pessoas no mundo, afirmou Chris West, do Programa de Impacto Climático, da britânica Universidade de Oxford.
Esta semana, a Agência Internacional de Energia informou que as emissões mundiais de CO2 cresceram 3,2% em 2011, com relação a 2010. Esta é precisamente a direção errada: as liberações de gases devem diminuir 3% ao ano para se ter alguma esperança quanto a um futuro de clima estável. Até 2050, em um mundo com mais habitantes, as emissões de carbono deveriam cair pela metade. Isto é impossível? Não. Várias análises diferentes mostram como isso pode ser alcançado.
Por exemplo, a consultoria holandesa Ecofys publicou em 2010 um estudo técnico intitulado O Informe de Energia, no qual demonstra como o mundo poderia usar somente fontes renováveis até 2050. O Greenpeace tem um plano denominado (R)evolução Energética, e a Agência Internacional de Energia conta com o seu próprio estudo, chamado Cenário 450. Não existe carência de conhecimento técnico sobre como reduzir as emissões.
Alguns países já começaram a tomar medidas. A Alemanha obteve mais de 30% de sua energia com a luz solar de um único dia claro na última semana de maio. Em lugar de utilizar suas 20 ou mais centrais de carvão, este país empregou energia de mais de um milhão de painéis solares localizados em casas, edifícios e ao lado de estradas. Embora não se caracterize por ter um clima quente, a Alemanha conta com mais painéis solares do que o resto do mundo somado. Atende 4% de suas necessidades anuais de eletricidade graças à energia solar. Inclusive, poderia aumentar sua produção solar entre 5% e 10%, segundo especialistas, sobretudo graças às últimas reduções no custo dos painéis.
A diferença na Alemanha é a liderança. A revolução das energias renováveis nesse país foi iniciada em 2000, pelo então ministro da Economia, Hermann Scheer, que promoveu durante anos esta política para impedir que os sucessivos governos a deixassem de lado. Morreu repentinamente em 2010, mas outros líderes alemães, apoiados por grupos ambientalistas e pelo público em geral, continuam pressionando por mais apoio às energias renováveis.
A chefe de governo, Angela Merkel, reverteu sua política de apoio ao setor nuclear depois do acidente na central japonesa de Fukushima, no ano passado. A Alemanha anunciou que fechará suas 17 usinas atômicas até 2022 e adotou o ambicioso plano de energias renováveis chamado Agora Energiewende. Se obtiver sucesso, o programa fará com que pelo menos 40% da energia do país proceda de fontes renováveis, até 2022. Representantes do poderoso setor energético expressaram seu descontentamento com o plano de Merkel, e a chanceler disse que precisará de forte apoio público para seguir adiante.
O setor das energias renováveis na Alemanha emprega mais pessoas do que o automotivo. No mundo, as energias renováveis empregam atualmente cerca de cinco milhões de trabalhadores, mais do que o dobro no período de 2006-2010, segundo estudo divulgado na última semana de maio pela Organização Mundial do Trabalho (OIT). A passagem para uma economia verde poderá gerar entre 15 milhões e 60 milhões de empregos adicionais em todo o planeta nas próximas duas décadas, podendo tirar milhões de pessoas da pobreza, afirma o estudo Trabalhando para um Desenvolvimento Sustentável.
Apenas entre dez e 15 indústrias respondem por 70% a 80% das emissões de CO2 nos países industrializados, destaca o informe. E estas indústrias empregam apenas de 8% a 12% da força de trabalho. Mesmo adotando políticas para conseguir grandes reduções das emissões, apenas uns poucos perderiam seus empregos. “A sustentabilidade ambiental não mata empregos, como às vezes se diz”, ressaltou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. “Pelo contrário, se é manejada de forma adequada, pode derivar em mais e melhores empregos, em redução da pobreza e inclusão social”, acrescentou. Envolverde/IPS

Fonte: Envolverde

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Muriqui: um brasileiro com cauda

Foto: Palê Zuppani
O "((o))eco Fauna e Flora"  traz um animal exclusivamente brasileiro. O Muriqui, também chamado de mono-carvoeiro, ocorre apenas em território nacional, do Estado da Bahia ao norte do Paraná, exclusivamente nas áreas de mata atlântica. De hábitos diurnos, come folhas, frutas e flores e vive em pequenos grupos. O muriqui é o maior primata das Américas. Um macho adulto pode pesar até 15kg e medir até 1,5m (sem contar a cauda que mede cerca de 70 cm). É um animal dócil e a espécie é conhecida como “o povo manso da floresta”.

Infelizmente, esse animal tão pacífico não convive com seres humanos tão bonzinhos assim e a espécie corre um grave risco de extinção. A destruição de seu habitat, a caça ilegal e a baixa natalidade da espécie são os fatores responsáveis por essa ameaça à existência dos muriquis. Entre as iniciativas em prol da preservação da espécie a de maior repercussão é a sua candidatura a mascote dos Jogos Olímpicos de 2016, que acontecerão no Rio de Janeiro. A campanha conta com o apoio de nomes famosos, como Chico Buarque e Camila Pitanga, e está chamando a atenção das pessoas para esse animal tão brasileiro, mas ameaçado por seus próprios compatriotas.

Fonte:  "((o))eco Fauna e Flora" 

sábado, 2 de junho de 2012

Perda de línguas e culturas está intimamente ligada à diminuição da biodiversidade

A cada duas semanas, um idioma desaparece da face da Terra, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). Como se esse dado, sozinho, já não fosse suficientemente ruim, especialistas avaliam que metade das quase 7 mil línguas existentes correm o risco de se juntar a esse grupo em extinção.
Agora, pesquisa da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, revela relação íntima entre a morte de línguas e a diminuição da biodiversidade.
O estudo afirma que 70% dos idiomas do planeta são encontrados em áreas ricas em biodiversidade. E, conforme as áreas são degradadas, as culturas e línguas locais se extinguem.
“Estima-se que a perda anual de espécies seja mil vezes maior que taxas históricas”, escreveram os pesquisadores na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês).
O biólogo norte-americano Larry Gorenflo, coordenador da pesquisa, conta que as paisagens mais importantes estão se tornando cada vez menores. “Essa é uma oportunidade para integrar esforços para a conservação do meio ambiente com a conservação cultural e linguística”, pontua.
Situação no Brasil
Antes da chegada dos colonizadores, havia 6 milhões de índios em nosso país. Hoje, eles não passam de 700 mil, apenas 11% da população original, que fala cerca de 180 línguas, de acordo com a Funai.
E, desde a colonização, segundo a ONG SOS Mata Atlântica, 93% do bioma homônimo original já foi devastado.
Para se ter uma ideia mais específica, o idioma karitiana – último remanescente da família arikém, do tronco tupi – está restrito a uma tribo de aproximadamente 320 pessoas, perto de Porto Velho (RO). Por isso, o idioma corre risco constante de extinção.
E sua perda seria lastimável. O karitiana é bem próximo do idioma chinês e é desprovido de artigos e pronomes demonstrativos – até então considerados essenciais pelos especialistas ocidentais –, não apresentando flexões de número ou gênero. [BBC, BraunSchweiger-Zeitung, Funai, Usp, PennStateUniversity, Foto]

Fonte: Hypescience.com 
Imagem: Hypescience.com 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Degradação florestal contribui para transmissão da febre maculosa

Resultado de estudo irá nortear o controle da zoonose na região metropolitana de São Paulo. Carrapatos de cães transmitem a doença a humanos.

 
Por Elton Alisson - Agência Fapesp



Nas regiões norte e sul da zona metropolitana de São Paulo, onde há fragmentos de Mata Atlântica, é possível encontrar uma espécie de carrapato, denominada Amblyomma aureolatum – conhecida como carrapato amarelo do cão –, que é um dos transmissores da febre maculosa (ou “febre do carrapato”). Entretanto, enquanto a região sul – compreendida pelos municípios de Diadema, São Bernardo e Santo André – registra desde os anos 1920 um grande número de casos da doença, na região norte – composta pela Serra da Cantareira e os municípios de Mairiporã, Arujá e Nazaré Paulista – não há notificação da zoonose.
Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, identificou uma hipótese para explicar a diferença no número de casos da doença entre as duas regiões da cidade. Os pesquisadores observaram que a ocorrência da febre maculosa está relacionada ao estado de conservação dos fragmentos florestais nas quais está o carrapato transmissor.
As áreas nas quais os fragmentos florestais estão mais conservados e apresentam maior diversidade de espécies de animais, como as da região norte de São Paulo, não apresentam casos da doença. Já em áreas onde a vegetação foi destruída e poucas espécies de animais permaneceram, como na região sul da cidade, há maior incidência de febre maculosa. Os resultados do estudo, realizado com apoio da Fapesp, foram publicados no início de maio no periódicoParasitology e irão nortear o controle da febre maculosa na região metropolitana de São Paulo.
“Comparamos a diversidade de animais entre as duas regiões da zona metropolitana de São Paulo e observamos que na região norte, onde não há casos da doença, as áreas de vegetação são mais bem preservadas e apresentam maior diversidade de animais, enquanto nos municípios da região sul há áreas muito pobres em espécies de animais. Isso pode ser um fator de prevalência da doença”, disse Maria Halina Ogrzewalska, autora da pesquisa, à Agência Fapesp.
De acordo com a pesquisadora polonesa, que realizou o projeto com Bolsa de Pós-Doutorado da Fapesp, em fragmentos florestais bem preservados e com grande diversidade de espécies, o carrapato Amblyomma aureolatum parasita diferentes tipos de animais silvestres, como esquilos, aves e ratos, cuja habilidade de transmitir a bactéria Rickettsia rickettsi varia.
Já nos fragmentos florestais mais degradados, onde boa parte dos animais desapareceu por consequência da destruição ambiental, os pesquisadores suspeitam que há uma chance maior de o carrapato parasitar espécies generalistas, que podem ser justamente os animais com maior capacidade de infectá-los com a bactéria causadora da febre maculosa.
“A maior diversidade de espécies de animais silvestres de uma região diminui a possibilidade de o carrapato se infectar com um patógeno, porque ele tem maior chance de se alimentar de um animal com baixa capacidade de amplificar a bactéria, o que resulta em menores taxas de infecção entre os carrapatos na região. Isso pode ser um dos fatores pelos quais em regiões de mata bem preservada não há registros de casos de febre maculosa”, apontou Ogrzewalska.
A doença é transmitida para os humanos por meio de carrapatos de cães domésticos, que ficam soltos nas comunidades situadas em bordas de mata, como as na periferia da região metropolitana de São Paulo. Ao entrarem na mata, os animais podem ser parasitados pelo carrapato e levá-los para dentro das casas, onde podem picar e infectar pessoas com a bactéria causadora da febre maculosa. Porém, os cães domésticos possuem anticorpos específicos contra a bactéria Rickettsia rickettsi e, em função disso, geralmente não adoecem e apresentam cura espontânea. Por isso, são considerados ótimos “sentinelas”.
Já em humanos infectados, se não forem tratados a tempo, a febre maculosa pode ser letal. “Estimamos que, nessas áreas da região metropolitana de São Paulo que registram casos da doença, se os pacientes não forem tratados a tempo a letalidade pode chegar a quase 100%”, disse Adriano Pinter, pesquisador da Sucen.
Exceção à regra
Para avaliar se havia diferenças no número de casos da doença e na diversidade de animais hospedeiros do carrapato nos fragmentos florestais das regiões norte e sul da região metropolitana de São Paulo, os pesquisadores realizaram ao longo de um ano coletas de animais silvestres e cães domésticos. As coletas foram feitas nos municípios de Diadema, São Bernardo, Santo André, Mairiporã, Arujá, Nazaré Paulista e na região do Horto Florestal, na zona norte da capital, de modo a estudar os carrapatos presentes e verificar se estavam infectados pela bactéria.
As análises em laboratório revelaram que os carrapatos coletados em São Bernardo e Diadema estavam infectados pela Rickettsia rickettsi e que os cachorros capturados nos dois municípios também apresentavam a doença, detectada pela presença de anticorpos na corrente sanguínea. Já os carrapatos e cães capturados em Mairiporã, Arujá, Nazaré Paulista e na região do Horto Florestal e em Santo André não apresentaram a bactéria. O que, no caso de Santo André, foi uma surpresa para os pesquisadores.
“Nós também esperávamos encontrar a doença em Santo André, que está em uma área consagrada de transmissão da febre maculosa e localizada a apenas 4 quilômetros de distância de outro fragmento florestal onde foi detectada a presença da bactéria”, afirmou Ogrzewalska. Ao comparar o estado de preservação do fragmento de floresta de Santo André com o dos outros seis municípios avaliados no estudo, os pesquisadores observaram que ele era muito mais parecido com o da região norte, em termos de diversidade de espécies de animais silvestres.
Além disso, o fragmento de floresta de Santo André era menos isolado do que os outros da região sul – que são menores e espaçados uns dos outros –, possuindo corredores ecológicos que possibilitam o fluxo dos animais entre os fragmentos de mata. “As áreas de pico de febre maculosa na região metropolitana de São Paulo coincindem com essas áreas de vegetação muito fragmentadas, isoladas e sem conexão entre elas, que impede que os animais possam transitar”, afirmou Pinter.
De acordo com o pesquisador, baseado nos resultados do projeto, a Sucen está analisando imagens dos fragmentos florestais de toda a região metropolitana de São Paulo para encontrar áreas com o mesmo perfil de fragmentação das áreas estudadas com a presença da doença para que possa ser direcionando o controle da febre maculosa.


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