Mikaelli Andrade

Mikaelli Andrade
Cachoeira Brejão/Coribe-Ba
”A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada é mais suave e ,no entanto , nada a ela resiste. Aquele que conhece seus princípios pode agir corretamente, Tomando-a como chave e exemplo. Quando a água é pura, o coração do povo é forte. Quando a água é suficiente,o coração do povo é tranquilo.” Filósofo Chinês no século 4 A.C

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"As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo"

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Produzir e consumir em harmonia com a natureza

   
  Viver em harmonia com a natureza é ter compromisso e responsabilidade tanto com as gerações atuais e com todos os seres vivos, sobretudo aqueles mais desprotegidos e excluídos, como também com as futuras gerações.
     Sobre esse tema, que será amplamente debatido durante a Campanha da Fraternidade 2011.

Veja a entrevista do Jornal mundo Jovem com 
"Euclides André Mance" sore o Tema.



Sustentabilidade ambiental

     Os crescentes problemas ambientais e o crescimento da população miserável puseram em cheque o conceito de desenvolvimento. Foi nesse momento, ainda no âmbito das ciências econômicas, que surgiu a ideia do desenvolvimento sustentável. Um conceito que pregava a noção de um modo de vida e produção que garantisse as necessidades das atuais gerações, sem comprometer as necessidades das gerações futuras. À primeira vista, é um conceito muito claro, mas dá abertura a muitas interpretações.

     Do ponto de vista de uma grande corporação, desenvolvimento sustentável é aquele que garante a produção atual, sem comprometer a produção futura da empresa. Por exemplo, para uma empresa de papel, desenvolvimento sustentável é produzir celulose hoje, sem comprometer a capacidade futura de produção da empresa. Não se considera o bioma deslocado pelas árvores plantadas, populações retiradas de seus territórios tradicionais ou mesmo uma empresa concorrente.

     Pode-se ver que desenvolvimento sustentável é um conceito antropocêntrico, calcado na ideia de que qualidade de vida é uma decorrência direta de altas produções econômicas. Portanto a questão é que o conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo interpretado principalmente sob uma ótica econômica, relacionada à perpetuação dos atuais processos produtivos, sabidamente concentradores de riqueza e degradadores da natureza. Ainda está fora dessa visão a maioria da população humana e todas as demais formas de vida do planeta que não são úteis aos processos produtivos atuais.

     Por isso é que no Movimento Ecológico falamos em desenvolvimento ecologicamente sustentável. Um conceito que visa à construção de vários modelos de vida interdependentes e complementares entre si que resultem em processos produtivos que busquem, em primeiro lugar, a perpetuação de todas as formas de vida do planeta dentro de um patamar de plena existência para as atuais gerações, sem comprometer as mesmas possibilidades para as futuras gerações.

     O conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável pede um olhar diferente para todo o planeta. Deixa claro não serem toleráveis todos os problemas sociais e ambientais atuais. Ao contrário, aponta que eles são uma prova cabal de que as boas intenções dos que pregam o desenvolvimento sustentável ainda não compreenderam o verdadeiro dilema contemporâneo e não estão, de fato, dispostos a criar um novo paradigma que considere todos os aspectos da existência da vida na Terra e faça frente às ameaças criadas pelo paradigma da modernidade e a sua continuidade no tempo.


Arno Kayser,
Autor do livro A reconciliação com a floresta - por uma atitude ecológica                                          
Endereço eletrônico: arnokayser@ig.com.br

Imagem: braskem.com.br

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Em nome do desenvolvimento

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Coribe-Ba


Em poucos séculos o Homem conseguiu destruir e pôr em perigo de extinção diversas espécies animais e vegetais. Cidades, metrópoles, megalópoles brotaram do chão (não são ervas daninhas?) fazendo jus à palavra desenvolvimento. As selvas verdes foram substituídas pelas selvas cinza, de concreto e pedra. Arnold Toynbee (1979), famoso historiógrafo, nos diz:

O homem tem violado e destruído a natureza em todas as partes do mundo, num efeito cumulativo de duas causas distintas, porém relacionadas. Uma delas é o acelerado avanço da tecnologia e outra é a explosão demográfica possibilitada por esse avanço tecnológico. A conquista humana da natureza tem sido brilhante, mas o uso inadequado e desastroso. A exploração da natureza tem sido feita às cegas, destruindo a beleza natural, poluindo-a e tornando-a uma ameaça, de novo.

As ações, científicas ou tecnológicas, principais causadoras desta situação, vêm imbuídas e movidas por uma palavra bastante forte, especialmente enfatizada no século passado: desenvolvimento. Por causa dele e por ele, justificam-se muitas das barbáries cometidas contra o meio ambiente. Numa visão radical do desenvolvimento, a natureza é considerada quase um empecilho. O progresso quer acontecer e precisa espaço, não importa se o meio ambiente é degradado. Age-se, então, de forma destrutiva e sem remorso, pois é em nome de uma causa “maior”: o desenvolvimento e o progresso humano.

A ciência e tecnologia atuais são dinâmicas e ativas. Substituem-se, acrescentam-se, modificam-se. Esta dinamicidade foi originada principalmente com a revolução industrial e com os princípios cartesianos de mundo. Esta forma de viver escolhida pelo ser humano criou-lhe escravidões próprias do seu agir egoísta. Escravidões contra o Outro e contra si mesmo: "O domínio da natureza pelo homem foi feito às custas de sua escravização a um ambiente artificial que é mais inadequado, tirânico e psicologicamente perturbador do que o antigo”. (TOYNBEE,1979)

O homem ousou degustar da artificialidade criada por si, numa espécie de busca egoística da felicidade. Não encontrando esta na criação, pois se julgou dominador da mesma, acreditou que a felicidade residia no seco, áspero e sem vida do objeto artificial, construído pelas suas mãos. Buscou o conforto, o prazer, o viver bem, de forma individual e egoísta, características próprias do ser humano.

O homem transformou o seu meio ambiente a fim de torná-lo adequado às suas necessidades. Dominou a natureza, mas ao fazê-lo escravizou-se ao ambiente que construiu. O homem condenou-se a viver em cidades, trabalhando em escritórios e fábricas. (TOYNBEE,1979)

Para superar tal crise devemos orientar nossas ações, baseadas numa nova ética da vida. Uma ética que envolva todas as formas de vida, uma ética orientada ao meio ambiente. Nossa ética deverá ser uma ética da criação, considerando todos os seres vivos dignos de direitos. Dessa forma a crise que vivemos poderá sofrer uma mudança de rumos e valores novos e vitais brotarão de novas ações, orientadas ao bem comum, com vistas às gerações futuras. Por enquanto somos um ser em conflito. Sabemos de nossos deveres com o meio ambiente e as gerações vindouras, de nossa relação de interdependência com a natureza, de nossa responsabilidade, porém nossas ações e posturas ainda revelam uma ânsia de poder, de dominar, de destruir. É difícil e quase humilhante para os homens da ciência, aceitar que o progresso tem limites. É quase impossível aceitar e acreditar que os animais e vegetais também são dignos de direitos e não são nossos escravos. Que não são nossos inferiores, mas têm a mesma condição que nós no universo da criação. Uma relação de fraternidade e interdependência. Depois de séculos orientando nossa vida para a exploração natural, chegamos a um ponto onde nossos atos e ações devem ser conduzidos de tal maneira que, acima de tudo, estejam a paz, a harmonia e o equilíbrio entre toda a criação.

Autor: Amarildo R. Ferrari
Fonte: CENED Cursos

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