Mikaelli Andrade

Mikaelli Andrade
Cachoeira Brejão/Coribe-Ba
”A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada é mais suave e ,no entanto , nada a ela resiste. Aquele que conhece seus princípios pode agir corretamente, Tomando-a como chave e exemplo. Quando a água é pura, o coração do povo é forte. Quando a água é suficiente,o coração do povo é tranquilo.” Filósofo Chinês no século 4 A.C

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"As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo"

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Patada ecológica



A "pegada ecológica" dos 187 milhões de brasileiros está estimada em 2,4 hectares por pessoa ano. Já ultrapassou a demanda, considerada equilibrada, de 2,1 hectares. Como o Brasil é o décimo país mais desigual do planeta, é evidente que alguns poucos estão consumindo mais hectares do que a esmagadora maioria que mal consegue sobreviver.

Porém, o estrago feito pela média brasileira tem embutida a "patada ecológica" do rebanho bovino. A pecuária brasileira ocupa 172 milhões de hectares para 177 milhões de cabeça de gado. Cada boi, portanto, ocupa quase um hectare de terra, ou seja, quase 20% da superfície do país. Toda área ocupada pela agricultura não passa de 72 milhões de hectares. Portanto, a "patada ecológica" das boiadas representa quase 50% da "pegada ecológica" da média brasileira.

Hoje a pecuária, parte essencial do agronegócio, representa quase um terço do PIB agrícola. Portanto, tem importância econômica. Ninguém que assuma o comando político do país vai abdicar desse negócio. Seria deposto no dia seguinte. Mas seu estrago é infinitamente maior do que o da cana, da soja e outras atividades do agronegócio. Sem falar que para produzir um quilo de carne são necessários de dez a quarenta mil litros de água, a depender do que é contabilizado em todo o processo.

Há um agravante. Os bovinos, em seu metabolismo, expelem gás metano pelos arrotos e outros mecanismos, um dos gases do efeito estufa, dezessete vezes mais perniciosos que o próprio dióxido de carbono.

As fazendas de gado, nascidas junto com o país, ainda têm o dom de abrigar trabalho escravo em muitas de suas atividades. Portanto, primitivas no jeito de produzir, primitivas no jeito de lidar com as pessoas.

Quem conhece a lógica da biodiversidade sabe que nenhuma espécie sozinha é danosa ao equilíbrio da vida. Porém, quando se torna monocultivo, passa a ser um problema, não uma solução.

Um Brasil que se queira justo e sustentável terá necessariamente que rever a patada ecológica de seus bois.


Autor: Roberto Malvezzi (Gogó)

-Assessor da CPT – Comissão Pastoral da Terra.-

Fonte: (Envolverde/Correio da Cidadania)

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2 comentários:

  1. Oi Mikaeli,

    Boa matéria para ser divulgada. Vejo cada vez mais que esse rebanho todo já ultrapassou os limites em relação a ocupação de áreas e emissão de gases.
    Espero que as pessoas se conscientizem disso. 2011 promete ser um bom ano em relação á consciência, ferramentas e pessoas não faltarão para realizarmos esse trabalho.

    Abraços
    Apoena

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  2. Esse assunto dá pano pra mangas. Atualmente, os dois maiores frigoríficos estão enchendo as burras com ouro, pois cada vez mais aumentam as exportações. Duvido muito que o rebanho brasileiro vá ser diminuído por motivos ambientais ou ecológicos. A ganância sempre fala mais alto.
    Pode ser que alguma peste bovina venha a dar cabo dessa farra.A esperança é aúltima que morre, né?
    beijos

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