Mikaelli Andrade

Mikaelli Andrade
Cachoeira Brejão/Coribe-Ba
”A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada é mais suave e ,no entanto , nada a ela resiste. Aquele que conhece seus princípios pode agir corretamente, Tomando-a como chave e exemplo. Quando a água é pura, o coração do povo é forte. Quando a água é suficiente,o coração do povo é tranquilo.” Filósofo Chinês no século 4 A.C

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"As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A fome que degrada mais que o homem


Erradicação da miséria beneficia diretamente o meio ambiente. Problema mais grave está nas periferias


Erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais foram anunciadas como prioridades do novo governo federal, que, ao elencar diretrizes, aproxima os objetivos aos compromissos em defesa do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável. Há quem defenda que, para se concretizar essas metas, programas de âmbito nacional, como o Bolsa Família, deverão permanecer por algo em torno de 20 anos, pelo menos. Fortalecimento da agricultura familiar e aumento da oferta de alimentos — o que depende de amplos investimentos em infraestrutura — são aspectos fundamentais.

Essas condicionais são levantadas por Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP), estudioso de crescimento econômico, distribuição de renda e sustentabilidade ambiental. Para ele, o não acesso à renda e à alimentação está diretamente associado à degradação ambiental, especialmente nas periferias.

Indicadores são fartos para o PAC da erradicação da miséria, anunciado quinta-feira. No Brasil, vão para o lixo 26 milhões de toneladas de alimentos por ano, que matariam a fome de 35 milhões ao mês. Calcula-se que, no País, 20% da produção agrícola se percam na colheita. Outra parte é desperdiçada no transporte ou embalagens inadequadas. Dos 43,8 milhões de toneladas de lixo gerados por ano, 26,3 milhões são de comida: 60% do lixo urbano é orgânico. Muitos tiram dos lixões ou xepas de feiras e atacadões o que comer. Mais de metade das mortes de menores de cinco anos pode ser atribuída a falta de alimentos ou nutrição. O desperdício de comida é uma das maiores distorções da sociedade.

5 minutos com: Jacques Marcovitch, professor da USP

Renda — "Se tivesse que priorizar alguns aspectos no momento, o primeiro é que é preciso elevar o nível de renda do brasileiro, especialmente nas camadas menos favorecidas. Isso tem impacto enorme no meio ambiente. Degradação ambiental e pobreza caminham juntas."

Alimentação — "O segundo ponto para que um plano de erradicação de pobreza dê certo é aumentar a oferta de alimentos por duas vertentes: redução do custo da produção e valorização da agricultura familiar".

Produção — "Há uma questão logística na produção de alimentos no País que precisa ser resolvida, por meio de investimentos em infraestrutura. Perde-se 20% da produção por conta de problemas de embalagem e transporte. Também é preciso aumentar a eficiência da produção, para evitar desperdício de recursos naturais. Já há estudos que mostram essa viabilidade".

Periferias — "A degradação ambiental atinge principalmente as periferias, onde há mais pobres e falta saneamento. Isso leva à maior degradação do meio ambiente. É uma relação de causa e efeito, que também pode ser vista em outros países e pequenas cidades que surgem nas fronteiras. Em muitos lugares, a situação é irreversível, com contaminação total dos lençóis freáticos.

Bolsa Família — "Não há cenário para extinguir o programa de transferência de renda, pelo menos nos próximos 20 anos".


Reportagem:
Leila de Souza Lima
Gazetaweb.com

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